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segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

QUE HÓQUEI TEMOS, QUE HOQUEI QUEREMOS ? - IV

O HOQUEIREGIONAL foi até Coimbra para conversar um pouco com Miguel Vieira, técnico da equipa Sénior e Juvenil da Associação Académica de Coimbra.
Embora jovem leva já alguns anos à frente de equipas de formação do Clube de Coimbra, e fomos auscultar o que ele pensa sobre o hóquei Jovem que se vai fazendo na região centro e saber um pouco mais daquilo que a AAC também vai desenvolvendo nesta modalidade.


HR – Michel como vês o HP na AAC, tu que levas já alguns anos a gerir equipas e como tal, com conhecimentos sobre a estrutura Academista?
Associação Académica Coimbra como Hóquei patins é um “clube” diferente dos outros clubes. Não o digo com desfavorecimento dos outros clubes nacionais, mas a perspectiva academista é de formar atletas mais numa perspectiva de preparar os jovens para a sua vida social e desportiva, se com isso se conseguir somar a perspectiva competitiva de vitória melhor. Em termos de gestão desportiva tem sido tudo feito com “cabeça tronco e membros”, sem nunca entrar em loucuras, as várias direcções que tenho tido a sorte de conhecer tiveram sempre critérios de gestão bem definidos.
HR – A AAC continua a ser uma referência Nacional, tanto como Clube assim como pelo HP. Com equipas sempre jovens tem conseguido alguns feitos nos Campeonatos Nacionais. O Clube tem conseguido segurar os bons elementos que transitam da estrutura Júnior para os Seniores, ou o Clube tem necessidade de recrutar jogadores para colmatar o plantel?
A secção de facto tem conseguido ter sempre atletas seniores oriundos das camadas jovens. A equipa é constituída com 90% atletas formados na casa. O restante dos atletas são alunos da Universidade de Coimbra que vieram para a cidade estudar desde os juniores, a direcção da secção de hóquei patins desde que sou treinador nunca teve como obrigatoriedade trazer atletas de fora da AAC, já que obrigaria a pagamento de transferências, o que já era um encargo extra para a secção, e prejudicaria os atletas da casa que vem desde jovens a trabalhar para um dia tentar a sorte no escalão superior da casa. Ao nível do escalão sénior o que a Direcção defende, é alcançar o melhor resultado possível com os atletas formados na AAC, mas se algum atleta de outro clube estiver disposto a pagar essa transferência também não se descarta a hipótese de aceitar esse atleta desde que ambas as partes estejam em mútuo acordo. Em relação a segurar os atletas da casa, temos conseguido, quando estes não vão estudar para fora da cidade já que libertamos os atletas quando estes querem sair. Mas AAC tem sido uma secção que tem demonstrado aos atletas que há mais vida para além do hóquei e que tem feito com que todos queiram cá permanecer, mesmo atletas que já representaram a selecção nacional e que tiveram propostas dos grandes clubes nacionais.
HR- Coimbra sendo um polo Académico, é natural que apareçam atletas oriundos de outros Clubes que pelo facto de irem estudar para aí, se disponham a jogar também pela Académica. O Clube é beneficiado com isso ou não?
A questão é bem colocada, na minha perspectiva a secção pouco tem beneficiado dos atletas que vem estudar para Coimbra, e no início de todas as épocas aparecem inúmeros atletas à secção académica o que por vezes é incomportável a nível logístico e de treino devido à enorme quantidade de atletas que se juntam. Muitos desses atletas que chegam a Outubro tem em média 18 anos saídos de casa para estudar em Coimbra, quando se lhe é questionado sobre ficar os Fim-de-semana para jogar ou pagar transferências, as coisas tornam-se complicadas, já que o dinheiro também não abunda na secção para pagamento dessas transferências. Se o atleta for importante para os clubes de onde vem, estes clubes oferecem soluções ou contrapartidas que a secção não pode dar, e naturalmente os atletas não ficam na AAC. Outro pormenor e o mais importante que acabei de referir anteriormente, é a tenra idade do atleta que vai ter que ser independente nesta cidade de estudantes e em que as solicitações são inúmeras e ele vai ter que as gerir ao nível profissional, emocional e desportivo na sua vida. Por fim a solução que temos indicado a esses atletas que vem de outros clubes é participarem nos campeonatos universitários e representarem a Associação Académica de Coimbra.
HR – Voltando baterias para as camadas jovens, a Secção Juvenil tem conseguido manter fornadas constantes na iniciação, o que indicia um trabalho de uma estrutura sólida. Qual o segredo que os responsáveis do HP têm para conseguir cativar os jovens para esta modalidade?
Digamos que essa foi umas das minhas preocupações quando tive funções de coordenação na AAC, aumentar o número de atletas, o número de treinadores com carteira na secção, para prevenir o futuro da Académica. Foi um trabalho de levar o hóquei às escolas do primeiro ciclo com alguns atletas da secção a fazer algumas demonstrações mais lúdicas de feição a cativar futuros patinadores. A aposta dos seniores residentes em Coimbra tirarem os cursos de treinadores foi uma solução que se arranjou para haver continuidade segura na secção de treinadores jovens, que são conhecedores da modalidade e do próprio “clube” e isto é um trabalho que deve ser continuado pelos seguintes responsáveis da formação já que o número de atletas aumentou e é altura de apostar mais na formação desportiva dos atletas apesar de que cada escalão treinar 3h30m por semana o que é pouco.
HR – Aquilo que tenho visto esta época, no que concerne a resultados desportivos, é provavelmente muito pouco para aquilo que o Clube investe. Nos escalões de competição somente a equipa de Juvenis poderá alcançar o Nacional, o que é muito pouco para os pergaminhos do Clube. Foi mesmo um ano mau, ou é mais que isso?
Sim na minha opinião reconheço que os resultados desportivos podiam ser mais positivos, mas já referi anteriormente que para haver resultados desportivos positivos deveria haver uma combinação de três factores, e a AAC que por ser um clube diferente por vezes dá-se mais interesse à parte escolar do que propriamente desportiva, apesar que a combinação podia ser perfeitamente compatível. Os juvenis de facto não foram apurados para o nacional, mas também à factores extrínsecos que não são controlados pela secção e são estas épocas em que aprendemos algo mais para o futuro.
HP – A equipa de benjamins do AAC está a mostrar que o Clube se regenera e não se perturba com vicissitudes. Com uma equipa muito personalizada e já com muito trabalho de casa, dá a entender que os bastidores do Clube não baixaram a guarda, e querem pôr novamente o Clube no lugar que é seu por direito. É um novo ciclo a começar e para ter continuidade?
Umas das razões importantes para que apareça por vezes equipas personalizadas têm a ver com alguns factores, que por vezes não são possíveis de obter ou conciliar e uma delas, por exemplo, o acompanhamento dos filhos por parte dos pais, um técnico entendido na modalidade e uma comparência assídua aos treinos, jogos. Estes três simples factores poderão a que se venha a ter um futuro interessante na modalidade e na própria instrução dos atletas fora do âmbito desportivo. Actualmente nesse escalão a que se refere é o que está suceder.
HR – Com as alterações nos quadros competitivos, houve necessidade de juntar outras Associações para a realização dos Campeonatos. Quais as vantagens e desvantagens deste modelo de competição?
As vantagens são muito mais que as desvantagens, à um aumento do numero de jogos entre as equipas, a um intercâmbio entre as várias regiões do país, um conhecimento do hóquei de cada região, possibilidade de mais equipas almejarem os campeonatos nacionais, evoluir da capacidade técnica e táctica dos atletas devido a um aumento dos jogos, um conhecer de novas regiões por parte dos pais, atletas e prolongarem uma época que anteriormente era pouco competitiva e levava ao aborrecimento dos atletas em jogar sempre com os mesmos clubes. Já na primeira época onde se realizou os sorteios desses campeonatos dei os parabéns aos representantes das três associações. As desvantagens destes campeonatos são a exigência económica para os pais e clube.
HP- Com quase 2 anos a competir com equipas de 3 Associações, provavelmente já terá uma ideia do trabalho que se realiza nos Clubes de outras Associações. Queres partilhar a sua opinião connosco sobre isso?
É evidente que se nota grandes diferenças de uns clubes para os outros nas três regiões. A prova disso são os resultados desportivos dos vários escalões dos diferentes clubes. Os dois clubes que estão num patamar à parte serão na minha perspectiva o S.C.Tomar e o H.C.Turquel, que demonstram que tem um trabalho bem definido ao nível da sua componente organizativa, em que pretendem obter resultados positivos todas as épocas em que entram em competição. Em relação à Associação académica de Coimbra é um clube diferente, em que se tenta ao máximo conciliar a parte escolar e desportiva, o que por vezes a parte desportiva é um pouco deixado de parte já que o objectivo de ganhar campeonatos ou obtenção de entradas para o nacional por vezes é deitado por terra com faltas aos treinos e aos jogos.  Mas volto a destacar que AAC que em sua grande parte é apoiada nos pais tem como maior vertente a formação do atleta como pessoa na sua vida social, AAC é na nossa opinião o “clube” quase de certeza dentro das três regiões a que tem mais atletas inscritos, o que demonstra também uma vivacidade importante.
HR -  Um ponto sensível, e onde noto existir opiniões muito divergentes, é sobre o modelo competitivo em Benjamins e Escolares. As limitações impostas pelo regulamento federativo, por exemplo com a obrigatoriedade de 2 GR por equipa, limita em muitos clubes a apresentação de equipas nestes escalões. Isso faz com que em muitos Clubes os jovens atletas pelo facto de não competir poderem acabar por desistirem da modalidade. Qual é a tua opinião sobre esta problemática?
A minha opinião é simples, acho que no âmbito regional apesar de sermos regidos pelas leis federativas deveriam se abrir excepções nos encontros regionais sobre a utilização de um guarda-redes por equipa, porque como todos nós sabemos muitos clubes não inscrevem equipas devido a ter um número reduzido de atletas e neste caso propriamente dito de ter só um guarda-redes. Acho que em casos destes deve-se é alertar os clubes que em caso de um dia disputarem um campeonato nacional não será permitido a participação dessa mesma equipa devido a ter só um guarda-redes, caberá aos responsáveis do próprio clube resolverem tal situação. O não deixar participar estes escalões com falta de atletas, é matar mais o hóquei do que ele já está, porque estes escalões de formação em que se fazem encontros e que são mesmo para instrução dos atletas não se deveria ser tão exigente quanto a essas regras com os clubes principalmente algumas regiões onde sabemos que a densidade populacional tem vindo a diminuir.

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