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quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

QUE HÓQUEI TEMOS, QUE HOQUEI QUEREMOS ? - V

Esta semana pedimos a Ricardo Nogueira, actual responsável pelo Hóquei Jovem do FCO Hospital para nos falar um pouco daquilo que pensa sobre o hóquei que temos, abordando tambem alguns temas que o "HOQUEIREGIONAL" achou por bem questionar.
Ricardo Nogueira com 25 anos ligado ao FCO Hospital, sabe como poucos o que se passa dentro do Clube, hoquisticamente falando.
Fomos pois ouvi-lo e conhecer um pouco mais daquilo que o FCO Hospital faz pelo hoquei em patins.


HR – O FCO Hospital sendo um Clube inserido numa zona do País que em volta nada existe relativamente ao Hóquei, qual o segredo dos responsáveis para o sucesso que o Clube vai coleccionando nas formações mais jovens?
R.N – O Segredo está na dedicação, entrega e espírito de entre-ajuda que há nas mais variadas pessoas que, em regime de voluntariado, trabalham na secção diariamente para que os atletas que escolheram a modalidade de hóquei em patins a possam praticar nas melhores condições possíveis e num ambiente descontraído e familiar. Pretendemos que a secção de Hóquei em patins do Futebol clube de oliveira do Hospital seja, principalmente uma escola para a vida. A componente competitiva não é prioridade, mas sim os valores que tentamos incutir diariamente com um grupo de trabalho magnífico que vai desde Treinadores, directores, Seccionistas, amigos, familiares e pais que fazem um esforço enorme, nomeadamente financeiro na compra de algum material que é extremamente dispendioso. Este esforço partilhado por todos já nos deu bastantes alegrias como o de Campeão Nacional de Infantis na época 2005/2006 e vice campeões na seguinte, participações nas fases finais dos nacionais em alguns escalões de Formação, pois a nossa prioridade é a formação. Nesse sentido, acho que o F.C.O.H é já uma referência no panorama do Hóquei Nacional. Todos desempenham o papel pró-activo na secção de Hóquei em Patins do Futebol Clube de Oliveira do Hospital.

HR – A gestão que uma Secção Juvenil tem, são uma “dor de cabeça” para os Directores de qualquer Clube. Como é que o FCO Hospital consegue, pôr a máquina a funcionar? Para além dos apoios oficiais a colaboração dos pais é uma realidade no Clube?
R. N – Como disse anteriormente, todos têm um papel pró-activo na secção e, só assim, é possível contornar muitas dificuldades com que nos deparamos diariamente. É evidente que não é fácil numa cidade com pouco mais de 4 mil habitantes e onde cada vez mais se sofre de interioridade, captar atletas para a prática da modalidade. Tem que haver um trabalho bastante árduo para os incentivar a uma modalidade cuja aprendizagem não é fácil, pois as crianças normalmente pensam que é só calçar os patins e jogar. Mas todos sabemos que um atleta de hóquei tem muitos anos pela frente para saber patinar bem e dominar os movimentos que são vitais para a prática da modalidade. Há outras modalidades que não exigem tanto, nem do atleta, nem dos pais como motivadores e com um papel importante na continuidade da modalidade de Hóquei em patins. Normalmente, e numa sociedade cada vez mais stressada, as pessoas querem resultados imediatos, e, no hóquei em patins, os resultados não são! Mas o sucesso desta secção passa mesmo por aí pela paciência, pelo trabalho que todos desempenham diariamente sem nenhuma contrapartida, a não ser a de alegria dos atletas a praticar uma modalidade tão querida mas, muito pouco respeitada em Portugal. Não poderia deixar de expressar todo o nosso agradecimento à autarquia local uma vez que são o nosso principal pilar financeiro e logístico, bem como às entidades e empresas locais, que com as dificuldades que atravessam de uma maneira ou de outra, tentam sempre contribuir e se mostram solidárias com a secção de Hóquei em patins de Oliveira do Hospital
HR – Os Campeonatos Regionais terminaram, no que diz respeito aos escalões de competição, como vês a prestações das equipas do Clube nas provas em que estiveram envolvidas?  
R.N- Sinceramente, acho que todas estiveram bem, embora umas com mais sorte do que outras, mas todas deram o seu melhor e dignificaram o nome do clube e da cidade, dentro e fora de campo. Deixo aqui só uma sugestão para próximos sorteios: porque não criar cabeças de série para que os grupos fiquem mais equilibrados? E digo isto, porque houve escalões onde as equipas mais competitivas ficaram todas no mesmo grupo, logo houve as que não conseguiram passar ao nacional e que, pela sua qualidade individual, também o mereciam, não desprestigiando aquelas que passaram. Não merecendo qualquer contestação, também para essas equipas desejo as maiores felicidades. No escalão de Juvenis, onde ficámos apurados para o Nacional, avizinham-se jogos tão difíceis quanto competitivos!

HR – A necessidade de se adaptarem os Campeonatos, fruto das alterações impostas pela Federação, levou a que se começassem a disputar provas Regionais em conjunto com Leiria e Coimbra. Na tua óptica quais são a vantagens e desvantagens deste modelo de competição?
R.N – As vantagens são imensas, isto porque há mais competitividade e muito mais hóquei. Todos temos a noção de que o nosso campeonato era muito pobre e com poucas equipas na Associação de Coimbra. Podemos mesmo dizer que era muito difícil arranjar motivação, porque eram sempre as mesmas equipas. Desta forma, é completamente diferente, há mais competição, há um intercâmbio entre atletas, dirigentes e até treinadores, pois, no meu entender, o futuro do hóquei em patins está na troca de saberes, de informação, de conhecimentos da modalidade e experiências por parte de todos os intervenientes! A desvantagem mais visível que eu posso referir é a distância a que estamos da grande maioria dos clubes, sendo um esforço financeiro muito grande para a secção ter todos os escalões a competir. Logo, este campeonato tem custos muito elevados e não é fácil gerir com a crise que se instalou em Portugal. Para os próprios atletas, é muito cansativo, mas como se costuma dizer que “quem corre por gosto não cansa”, continuamos aqui a trabalhar diariamente para o Hóquei regional e nacional.

HR- Com a segunda época já a decorrer nestes moldes em que participam equipas de 3 Associações, provavelmente já terás uma ideia do trabalho que se realiza nos Clubes de outras Associações. Queres partilhar a tua opinião connosco sobre isso?
R.N – Na generalidade, acho que todos os clubes trabalham muito bem e continuo a dizer que o hóquei em patins em Portugal tem muita sorte porque, na sua grande maioria, o trabalham em prol da modalidade, sem pedir nada em troca e em regime de voluntariado. É importante começar a captar mais gente nova para a modalidade, principalmente na parte técnica, pois por todos os pavilhões por onde passo acabo sempre por ver as mesmas pessoas que vão sussurrando que é o último ano mas, na verdade, no ano seguinte lá estão de novo. O hóquei é um desporto que gostando, entranha-se nas nossas vidas, é complicado sair, é quase uma dependência e isso é o que eu sinto na maioria dos clubes, é que se trabalha com muita dedicação e vontade, logo os resultados são sempre bons. O esforço feito por todos é, sem sombra de dúvidas, de enaltecer e felicitar.

HR – Existe algum constrangimento em falar das “competições” mais jovens (Escolares e Benjamins). Qual é a percepção que os responsáveis técnicos tem sobre a forma de competição que é definida pela FPP? Achas que deve ou não existir já nestes escalões alguma forma de competição? Um dos pontos mais sensíveis a muitos Clubes é o facto de haver a obrigatoriedade de estarem dois GR na equipa faz que alguns Clubes prescindam de inscrever esses escalões por não conseguirem preencher esse requisito. A falta de árbitros nos encontros é também outro dos pontos sensíveis a muitos Clubes. Gostaria que desses uma opinião pessoal acerca destas questões.
R.N – Não faz sentido nenhum falar em competição. Até pelo curso que tirei de treinador, a nível da federação, é completamente despropositado falar em competição, até ao escalão de Infantis. Não faz sentido falar em competição a crianças de 6/7 anos pois o intercâmbio e troca de experiencias é que são realmente, importantes. Para mim, a vida vive-se por etapas. O hóquei também tem as suas etapas e, nestes escalões, o mais importante é a participação, a troca de saberes. Para o F.C.O.H a componente competitiva nunca foi uma prioridade. Formamos os nossos atletas com base no respeito mútuo e nos valores mais importantes da sociedade. Digo até que nestes escalões, não deveria haver marcadores e que os jogadores deveriam, pelo menos uma vez passarem pela baliza para, pelo menos, experimentar essa posição. Não vejo qual a importância de ter um ou dois Guarda-redes e 7/8 ou dez jogadores. O que interessa aqui é que o hóquei em patins não desapareça e que se consiga ter um maior número de atletas, isto porque cada vez mais vão aparecendo novas modalidades que eu designo por modalidades da moda e vêm de certa maneira, fazer “concorrência” ao hóquei em patins, se é que posso dizer assim. Isto para não falar que hoje os nossos jovens passam demasiado tempo em frente às televisões, computadores e consolas. Acho vital para o desenvolvimento do Hóquei e da sociedade em geral que se revejam alguns regulamentos e que se apresentem soluções, porque problemas já todos nós temos.


HR – Para terminar, coloco este espaço para, se assim o entenderes, deixares uma mensagem a todos aqueles que de uma forma mais ou menos activa acompanham o HP, e em particular o Hóquei Juvenil.
R.N – Quero dar os meus parabéns a todos aqueles que, diariamente trabalham, em prol desta bonita modalidade. Continuem a trabalhar e nunca desistam.  

1 comentário:

Bernardes disse...

A formação de muitos jovens de Oliveira do Hospital passou e continua a passar por este clube.
Foi com orgulho que um dia o representei.
Parabéns Hoquei em Patins do FCOH.